
Todos nós já ouvimos, talvez mais do que uma vez, a expressão: “cabeça no ar!”. Uma forma simpática para chamar à atenção dos mais distraídos. Mas a verdade é que na nossa Ilha há mesmo cabeças no ar! São remates de telhado.
Já restam poucos. São, aliás, cada vez mais raros os exemplares. Cada vez menos, a assinalar o remate dos telhados nas casas tradicionais do Porto Santo – as cabeças de menino. Uma tradição, um testemunho secular da fé ou crendice popular.
De acordo com o Museu Etnográfico da Madeira (MEM), “estes elementos têm as suas raízes em superstições e presságios, sinais de cultos pagãos, que tinham como função espantar o efeito maléfico dos seres sobrenaturais, funcionando como figuras protetoras do lar e das pessoas que nele habitavam.”

Um testemunho que já inspirou estudos e criações literárias ““Uma casa madeirense não dispensa no assento da sua cobertura uma robusta chaminé e um multifacetado remate de telhado em forma de gato, cão, pomba, planta ou, simplesmente, cabeças de menino, gente, com e sem chapéu”, como escreve Élvio Sousa, na fábula O Gato e a Chaminé.
Muito populares nas casas construídas nos finais do século XIX e princípio do século XX, acabaram por cair em desuso, acompanhando a extinção das olarias tradicionais.

Testemunhos discretos da arquitetura popular madeirense, os remates de telhado exigem um cuidado especial, enquanto património da nossa Ilha. Mais um elemento do rico e variado património do Porto Santo.