Quem cuida de ti, Porto Santo?

Moinhos de vento na Portela

Este moinho não é um moinho.

Tal como René Magrite, que por baixo da pintura do cachimbo deixou escrito: Ceci c’est pas un pipe! (Isto não é um cachimbo!), também nós, ao olhar para o estado atual dos moinhos da Portela só podemos dizer: Isto não é um moinho!

Por dois motivos!

Um moinho não é apenas um moinho.

O moinho de vento do Porto Santo não é só um moinho, é a representação de um passado e de um povo! Testemunha da resiliência do homem que, ao longo dos séculos, caprichosamente, herculeamente, decidiu resistir num pequeno pedaço de terra, esquecido no meio do oceano Atlântico. Os moinhos de vento são o símbolo do Porto Santo, da sua história secular. E penso que foi isso que motivou os responsáveis políticos a alinhar três moinhos no miradouro da Portela. Para aquele espaço, com uma soberba vista sobre a baía, foram deslocados três dos últimos exemplares do moinho de vento porto-santense. Gigantes a desafiar o esquecimento e a atrair o olhar de milhares de turistas que nos visitam. Património histórico singular!

Quem cuida de ti, moinho?

O moinho de vento do Porto Santo, que hoje observamos na Portela, já não é um moinho! É um símbolo da incúria e do desprezo daqueles a quem foi atribuída a missão de cuidar do património de todos! Sem velas, sem varais, sem mastro! Estão num estado deplorável, deviam encher de vergonha os responsáveis pela sua manutenção! Ao observá-lo vêm à memória as palavras de Alfredo Marceneiro: Porque em ti apenas vejo / A miseranda carcaça / Perdeste de todo a graça / Heróica do teu passado / Hoje ao ver-te assim mudado / Minh’alma cora e descrê / Quem te viu, e quem te vê / Moinho desmantelado…

“Moinho desmantelado”! Não seria de facto melhor desmantelar o moinho? E evitar a vergonha do estado miserável em que se encontram?

Assim, como estão, estes moinhos não são moinhos! Urge uma intervenção rápida, cuidada na preservação de um ícone da Ilha.

Carlos Silva

Depois de uma viagem tranquila, mergulhado num mar de dúvidas, aportei a 2 de setembro de 1999, à Ilha do Porto Santo! À chegada, uma doce e quente onda de calor, qual afago de mulher amada, assaltou-me, até hoje! Do sucedido de então, até aos dias de hoje, guardo-o na memória; os sucessos, de hoje em diante, aqui ficam, para memória futura, da minha passagem pela Ilha!

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