Planear e foco no essencial

“Vamos concentrar-nos no concreto, no essencial”

(Artigo de opinião de Pedro Ortelá.)

Num curto espaço de tempo surgiram oportunidades que podem alavancar a nossa ilha para um patamar superior. Refiro-me concretamente ao projecto Life Dunas e por sermos muito recentemente reserva da biosfera da UNESCO. Se no primeiro caso vamos ver reforçado o nosso cordão dunar que nos últimos anos tem encurtado com a subida do nível do mar e com eventos meteorológicos mais extremos, no segundo, é necessário que seja esclarecido que ser reserva da biosfera não impede ou restringe o desenvolvimento da ilha ou irá castrar hábitos enraizados. Alguma desinformação tem circulado, não sei se propositadamente.

A praia não deixa de ser o principal motivo de milhares de turistas que escolhem Porto Santo como destino para férias e a preservação da nossa costa, para além de garantir num primeiro momento a proteção de terrenos, alguns deles agrícolas e até património histórico, como é o caso das noras, permite também a manutenção estética de um produto turístico que já valeu inclusive um galardão como sétima maravilha de Portugal. Se deixarmos uma brecha no nosso cordão dunar, poderemos perder a curto prazo a nossa praia tal como a conhecemos. Seria positivo a envolvência da população num projecto que apenas vai custar 3 milhões de euros e que já está no terreno.

Projeto Life Dunas irá reforçar cordão dunar. Crédito: Pedro Ortelá

No dia 28 de Outubro foi oficializado que passaríamos a constar no mapa da UNESCO, fruto da candidatura que felizmente terminou em sucesso. Após este momento, com alguma tristeza, mas habituado a que este tipo de situação aconteça por cá, seguiu-se um coro de preocupações em relação ao que poderíamos deixar de fazer, como a pesca ou a caça. A proibição de construção, quando é o PDM que define essas directrizes. Como pessoa ligada ao turismo, ocorreu-me de imediato a vantagem óbvia que o nome da UNESCO poderia trazer ao destino Porto Santo. Mas nem tudo facilitismos. Esta conquista acarrecta um trabalho contínuo que terá a sua avaliação e consequente decisão sobre a manutenção, ou não, enquanto reserva da biosfera.

O dossier pode ser consultado por qualquer pessoa via digital e consta todos os objectivos a que devemos submeter-nos, porque isto irá implicar um esforço de toda a comunidade e para levar a um bom porto um plano que para além de ser extensivo à preservação de todo o nosso património natural, material e imaterial, vai concretizar um desejo de recuperação, ou um reavivar se preferirem, do nosso património cultural. Porque sem cultura não somos. Mas pior que não ser, é não saber de onde viemos nem para onde vamos.

Vamos concentrar-nos no concreto, no essencial e em projectos credíveis. Precisamos perder o hábito do bota abaixo e da negatividade aguda que abunda no Porto Santo.

Carlos Silva

Depois de uma viagem tranquila, mergulhado num mar de dúvidas, aportei a 2 de setembro de 1999, à Ilha do Porto Santo! À chegada, uma doce e quente onda de calor, qual afago de mulher amada, assaltou-me, até hoje! Do sucedido de então, até aos dias de hoje, guardo-o na memória; os sucessos, de hoje em diante, aqui ficam, para memória futura, da minha passagem pela Ilha!

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