
Assim, com duplo hífen, desafiando as regras do famigerado Acordo Ortográfico, a expressão chamou de imediato a atenção.
Ao contrário do seu próprio sentido, como vim a descobrir, já que “nariz-de-cera” aponta para a redundância, para a escrita elaborada que afasta os leitores.
“Nariz-de-cera” aponta, então, para o parágrafo inicial de uma notícia que, nos tempos de antanho, retardava a introdução do assunto; longe do atual exercício da pirâmide invertida, onde o assunto é de imediato revelado.
O jornalismo é, aliás, à semelhança de outras áreas profissionais, rico em termos singulares: já aludimos ao “lead”, mas também existe a “caixa”, ou “barriga”, a “gaveta” – para onde são enviados os textos incómodos ou a “silly season” – onde encaixa este texto, redigido longe da Ilha.
Uma nota final para a fonte do “nariz-de-cera”. No início da crónica de António Barreto “Grande angular”, no jornal Público. Imperdível!