
A notícia do achamento de três matamorras no edifício Baiana fez agitar o mundo da arqueologia na Madeira.
Não sendo um achado surpreendente (a existência de matamorras na envolvente da Igreja de Nossa Senhora da Piedade era uma certeza popular), a presença dos silos de armazenamento de cereais assume-se como um achado arqueológico de elevado valor, embora os profissionais do sector temam pelo seu futuro.
“Importa mudar o paradigma de encarar a arqueologia como obstáculo e ver os achados arqueológicos pelo seu tremendo potencial histórico e como um produto turístico de valor acrescentado”, referiu fonte consultada pelo jornal A Ilha. “Considerar que «a obra não fica comprometida»” é desvalorizar a imensa riqueza patrimonial que aquelas estruturas podem acrescentar à História da Presença Humana no Porto Santo”, acrescentou, em comentário à notícia do Diário de Notícias de hoje.
Ainda de acordo com a mesma fonte, existem pelo menos 17 profissionais da arqueologia preparados para realizar um estudo cuidado e aprofundados das matamorras, capazes de apoiar a equipa de técnicos de arqueologia do Governo, cuja existência desconhece.
“A Câmara negligencia de forma grosseira o património”

Com uma riqueza arqueológica ímpar, a descoberta das três matamorras na sala interior do antigo restaurante Baiana, vem levantar a questão da necessidade de uma equipa em permanência na Ilha.
Este era, aliás, um dos temas de campanha do atual executivo camarário que, em agosto de 2017, considerou haver “uma fraca liderança, por parte da presidência da Câmara, que negligencia, de forma grosseira, o nosso património”. De acordo com a candidatura Porto Santo de Verdade, a conservação e recuperação “de moinhos, matamorras, noras e fornos de cal, bem como (…) os muros de protecção de pedra das nossas vinhas e zonas agrícolas” seria uma realidade, como dava conta a edição de 11 de agosto do jornal digital Funchal Notícias.