
A acumulação de lixo, um pouco por toda a Ilha, está a gerar um coro de críticas e a comprometer a imagem turística e ambiental do Porto Santo.
Do porto de abrigo à serra, em plena cidade ou nos descampados, o triste cenário espalha-se pela paisagem: frigoríficos ferrugentos, sofás velhos, montículos de materiais de construção civil, um pouco de tudo, por todo o lado. Nas bermas dos caminhos, junto aos contentores, escondidos atrás da vegetação, os montes de lixo desfeiam a paisagem da Reserva da Biosfera do Porto Santo.

Os resíduos, um dos maiores problemas das sociedades modernas de consumo, assumem ainda maiores proporções na Ilha. E a tendência é agravar-se. De acordo com um estudo realizado por Mariana Santos (file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/dissertacao_09072021_up201606182.pdf) “o montante total de resíduos no município do Porto Santo teve um aumento considerável de cerca de 1600 toneladas no ano de 2019” (em relação ao ano de 2018) – ver gráfico.

A tese de mestrado dá ainda conta de que a incineração foi a principal solução utilizada entre os anos de 2012 e 2019, contra a reciclagem e a deposição em aterro. Curiosamente tanto a despesa anual com a Taxa de Gestão de Resíduos, como a receita do Tarifário de Serviços de Gestão dos Resíduos Urbanos têm diminuído, apesar do aumento de produção de lixo.

O aumento da produção de resíduos, associado a alguma falta de cuidado dos utilizadores domésticos e não domésticos, bem como dificuldades na gestão da recolha tem vindo a agravar-se, com impactos tanto na imagem turística, como na proteção ambiental.
David contra Golias

As lutas desiguais nunca fizeram Hugo Nóbrega desistir. Para este porto-santense de gema, o combate, ao lixo que se acumula na paisagem e estraga a imagem da sua Ilha, é um ponto de honra.
Regularmente, sozinho, é vê-lo de luvas e com um saco de lixo a recolher o lixo que o vento transporta de um lado para o outro, ou que as pessoas, inconscientemente, atiram para todo o lado. E os vídeos que faz procuram alertar consciências. Uma luta difícil, contínua. “Não vou desistir” afirma “até porque já vi outras pessoas a seguir o meu exemplo, a recolher lixo, como máscaras. E isso deixa-me contente.”
Das palavras aos atos, Hugo Nóbrega tem desenvolvido campanhas de recolha um pouco por toda a Ilha e, na qualidade de deputado municipal, tem alertado as autoridades para o problema.
A recolha é gratuita

A inatividade das autoridades locais e regionais na resolução do lixo espalhado por todo o lado, tem sido criticada.
O tema foi mesmo matéria de discussão na última reunião de Assembleia Municipal, onde a ausência de um regulamento camarário foi apontado como causa para a inação das autoridades. Aparentemente, a legislação, em termos de Ambiente, regional e nacional, não será suficiente para penalizar aqueles que insistem em conspurcar a paisagem. Os deputados municipais concordaram ser necessário mudar mentalidades, seja através de multas, seja através de campanhas de informação. “A recolha de resíduos é gratuita” alguém lembrou.