
“Se quiserem politizar a coisa, tudo bem, mas apontem alternativas.”
(Artigo de opinião de Pedro Ortelá)
Dei por mim a pensar no quão ingrato pode ser o trabalho político.
Nada que eu já não soubesse. A cobardia política existe e tem abundado nestes últimos dias. Mas que chapada de luva branca que eu próprio levei, quando dou por mim a criticar Rui Rio por ser demasiado manso com situações gravíssimas que estavam a acontecer em Portugal. De fora vinham elogios pela cooperação política e pelo espírito patriótico que era vivido no parlamento. Lembrei-me desses tempos, esta semana, pois existe quem queira disseminar o pânico no Porto Santo com objectivos bem claros.
O “ouvi dizer” e o “diz que disse” é o pior vírus neste momento e as redes sociais têm sido um autêntico tribunal, com a diferença de que não existe julgamento, tudo e todos são culpados. Eu não acredito que alguém seja infectado propositadamente. Temos os profissionais da saúde a dar tudo, literalmente. As forças de segurança estão a colaborar também num combate duro e que só será vencido se remarmos todos no mesmo sentido, mas existindo dividendos políticos a retirar desta situação por parte de alguns, quanto pior ficar melhor.
“Sempre fui da opinião que uma oposição forte obriga, por consequência, a um poder executivo mais atento e perspicaz.“
Não sugiro que aceitemos tudo, nunca na vida. Sempre fui da opinião que uma oposição forte obriga, por consequência, a um poder executivo mais atento e perspicaz. Mas não é isso que está a acontecer. Já fiz parte de projectos políticos vencedores e outros onde conheci o sabor amargo da derrota. Sei, portanto, o que é ser oposição e garanto-vos, oposição não é isto. Confundem responsabilidades da câmara municipal, com o executivo regional e nacional. Usam as palavras visão e estratégia frequentemente, não para apontarem uma, mas para dizer que por parte do município e do executivo regional existe um vazio no planeamento. Eu não vou dizer que não tenham estratégia, mas não a conhecemos até hoje. Todas as vezes, no início da pandemia, quando tentaram criar ruído de fundo nas políticas tomadas sobre a pandemia, logo caíam no ridículo por descobrirmos que aquilo que era feito cá era de facto o correcto. Existia sempre uma cidade a adoptar as mesmas medidas. Imaginem lá o Partido Socialista a nível nacional elogiar aquilo que era feito por cá. Pois é, também aconteceu.
Por muitas medidas que sejam tomadas, o governo regional não tem culpa se alguns não cumprem com eles próprios nem têm o mínimo de consideração pelos seus.
Isto não é uma questão política, mas sim uma questão de bom senso para todos nós. Ou não agrada, ou é na altura errada, ou foi em excesso. Se quiserem politizar a coisa, tudo bem, mas apontem alternativas.